sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O adoecimento do corpo


 Você já ouviu a expressão “quando a mente não pensa, o corpo paga”? Certamente que sim. No mundo psíquico isso não é muito diferente, pois quando a boca cala é o corpo quem fala, ou seja, quando não se dá a devida importância a alguns sinais de ansiedade, depressão e estresse é o corpo quem adoece, aí então aparecem às patologias ligadas ao corpo e, no corpo, as dores, enxaquecas, gastrite, sobrepeso, dermatites, enfim um corpo avisando que algo não vai bem.
Os novos sintomas ligados os corpo como os transtornos alimentares, as compulsões por exercícios físicos, por sexo, o excesso bebidas, a falta de comida, as incessantes intervenções cirúrgicas, o horror do envelhecimento, a busca patológica da saúde e todos os quadros de somatização, nos fazem pensar num corpo hipervalorizado ao mesmo tempo em que apontado como fonte de sofrimento e frustração.
Os sintomas no corpo são mais facilmente percebidos nos bebês, uma vez que eles ainda não falam, ele aparece atrelado ao corpo, como cólicas, choros freqüentes, refluxo, o que deixa muitas mães angustiadas e sem saberem o que fazer diante desse mal-estar. As doenças infantis, assim como as do adulto não são frutos apenas do corpo biológico.
Somatização é o nome dado popularmente para as doenças no corpo biológico que não possuem sua causa orgânica, mas sim psíquica. Trata-se das patologias no corpo como expressão do sofrimento psíquico.O adoecimento do corpo nos remete a relação entre o psíquico e o somático (orgânico) e a relação do sujeito com o seu próprio corpo, de cuidado ou desleixo, de falta ou excesso, de tudo ou nada.
 Não podemos acreditar que o corpo sofre apenas do que está doente nele e nem que todas as doenças físicas têm sua origem apenas no corpo biológico. A realidade orgânica não exclui a psíquica e vice-versa. O analista parece tornar-se aquele que destitui a doença do paciente de sua condição orgânica, e a análise, seria o processo que visaria descobrir sua causa psíquica.
A causa das patologias no corpo não é puramente psíquica nem puramente somática (orgânica), uma vez que estamos falando de um mesmo sujeito, o mesmo corpo, onde tudo está interligado. O fato de a psicanálise tratar doenças físicas, mesmo que sobre outro olhar, diferente do médico, não exclui de forma alguma o tratamento médico convencional, muito pelo contrário, uma complementa a outra.
Na atualidade a presença do corpo na clínica psicanalítica vai muito além das queixas somáticas. A diversidade de sintomas nos coloca em contato com pacientes que sofrem de doenças orgânicas e é o psicanalista que convida o sujeito a pensar sobre o que lhe acontece, porque é através da fala que o analista pode atuar.
O fato de a psicanálise fazer da linguagem o seu material privilegiado de trabalho, não exclui o corpo da sua escuta, pelo contrário, ele está no centro da construção teórica Freudiana, uma vez que Freud afirmou que o “eu” é antes de tudo corporal, isso significa que o “eu” vai ser construído a partir do corpo.
 Partindo da descoberta que a fala afeta o corpo podemos perguntar que corpo é esse que pode ser acolhido pelo psicanalista na sua escuta? Concerteza não é do corpo biológico que se trata, mas sim do corpo pulsional, um corpo que procura ativamente a satisfação, uma energia psíquica que busca o tempo todo pela realização de um desejo inconsciente e infantil.

Daniela Bittencourt – Psicóloga CRP 12/07184


terça-feira, 17 de julho de 2012

Feminilidade

Um universo cheio de ditos e não ditos, dúvidas, emoções, pulsões e demandas. O que quer uma mulher? Essa pergunta atravessa gerações e parece nunca obter uma resposta satisfatória. Mulheres e homens tentam ano após ano descobrir o que deseja uma mulher. Pode-se dizer que qualquer tentativa de compreensão do universo feminino deve-se começar pela origem, ou seja, pelo nascimento de uma mulher e isso a Psicanálise tem muito a dizer, uma vez que Sigmund Freud iniciou sua clínica com elas e com o passar do tempo o Pai da Psicanálise tenta esclarecer algumas questões do feminino.
No final de suas obras Freud deixa a certeza de que o Édipo produz o homem, mas não produz a mulher e abala o pensamento da época quando diz que a sexualidade no homem não se reduz a sua anatomia, afirmando que a mesma é uma construção e que se dá na infância. Apesar de suas descobertas Freud deixa o caminho aberto para novas discussões, apontando, desde então, a complexidade do tema.
Convido a todos os interessados a estudar a feminilidade, não pelo viés de receber todas as respostas prontas a seus questionamentos, mas sim pelo desejo de entrar nesse universo que comporta ao mesmo tempo beleza e devastação, para participarem do grupo de estudo.
Atividade Aberta e Gratuita.
Tipo de Atividade: Grupo de Estudo, aos sábados 10:00h ás 11:30, a cada quinze dias.
Local: Edifício Catarina Gaidzinski, sala 514.
Coordenadora do Grupo de Estudo: Daniela Bittencourt

Primeiro Encontro: 01.09.2012
 
No primeiro encontro será feito apresentações e discussões a partir do tema e a entrega dos Xerox dos textos para aqueles que confirmarem a presença.

Texto sugerido de leitura para os encontros:
• O Esclarecimento Sexual das Crianças: Ano: 1907 - Volume: IX (Obras Completas Sigmund Freud)
• A Organização Genital Infantil: Ano: 1923 – Volume: XIX(Obras Completas Sigmund Freud)
• A Dissolução do Complexo de Édipo: Ano: 1924 – Volume: XIX (Obras Completas Sigmund Freud)
• Algumas Conseqüências Psíquicas da distinção anatômica entre os sexos: Ano: 1925 – Volume: XIX(Obras Completas Sigmund Freud)
• Sexualidade Feminina: Ano: 1931 – Volume: XXI (Obras Completas Sigmund Freud)
• Feminilidade: Ano: 1933 – Volume: XXII (Obras Completas Sigmund Freud)

 
Obs: Será disponibilizado um Xerox dos textos para os participantes, favor confirmar presença, para que posso providenciar os Xerox.

Daniela Bittencourt - Psicóloga CRP 12/07184