sábado, 19 de julho de 2008

A Psicanálise está mais viva do que nunca

Essa foi à matéria da revista Cult, do mês de junho. Aonde se encontra também um dossiê sobre “A resistência intelectual de Jacques Lacan”. A reportagem fala que por um tempo acreditava-se que a Psicanálise estivesse em crise, graças aos avanços das neurociências, das teorias cognitivas, da clínica psiquiatria e com o surgimento de numerosos remédios para tratar cada doença psíquica. A Psicanálise esteve em alta nos anos de sua descoberta, por Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, mas que com o advento de novas teorias, mais rápidas e modernas, muitos acreditaram que a Psicanálise se tornou uma teoria ultrapassada. Entretanto se pode afirmam que o tempo da Psicanálise chegou só agora e que frente às dificuldades da modernidade que Freud adquirirá seu real valor.
Freud situava a Psicanálise na série das três humilhações sucessivas do homem, as três feridas narcísicas, como ele denominava. Em primeiro lugar, Copérnico demonstrou que a terra girava em torno do sol e não em torno da terra como se pensava. Em segundo lugar Darwin demonstrou que éramos produto de uma evolução cega, privando-nos do nosso lugar privilegiado entre as criaturas vivas. E o terceiro, Freud com a descoberta do inconsciente e seu papel predominante nos processos psíquicos, aonde o homem não é o senhor da sua própria casa, isto é, o ser humano não é regido pela sua consciência, mas sim pelo inconsciente.
E justamente porque o ser humano é regido pelo inconsciente, que a Psicanálise, não vai perder nunca o seu lugar, sendo a própria a única teoria que tem como base de estudo e tratamento o inconsciente.

Daniela Bittencourt - Psicóloga Clínica.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Você é o que você compra?

Todo mundo já ouviu a frase: você é o que você come você é o que você pensa, mas a mais nova é que você é o que você compra. Será mesmo que as compras podem definir o que é o ser humano? Não, o que se pode dizer é que as compras demonstram os gostos, estilos, praticidade ou não, entre outras coisas de cada pessoa.
Você é o que você pensa? Para Sigmund Freud é exatamente o contrário, o sujeito é aonde não pensa isso porque ele acreditava que a maior parte da vida psíquica é inconsciente e que apenas uma pequena parte do psiquismo é consciente. Logo os pensamentos estão situados na consciência e por isso que os pensamentos não são por si só capazes de definir o homem.
Para a Psicanálise o sujeito é aonde goza. Gozo é diferente de prazer, gozo é um prazer inconsciente e ao mesmo tempo desprazer consciente. Há algo que se repeti no ser humano em todas as suas escolhas de objetos. Existe um determinismo psíquico, onde a pessoa é determinada pelo seu inconsciente. O sintoma, os sonhos e os atos falhos demonstram quem a pessoa é, porque através deles o inconsciente se manifesta.

Daniela Bittencourt - Psicóloga Clínica

terça-feira, 1 de julho de 2008

Psicanálise, você conhece?

A Psicanálise é uma prática clínica para o tratamento de doenças psíquicas. Sigmund Freud, o pai da Psicanálise, começou a desenvolver sua teoria a partir de estudos com pacientes histéricas, entre os anos de 1887-1897. E foi com as pacientes histéricas que ele observou que havia algo que as próprias pacientes não sabiam sobre si mesma. Constatou isso, porque durante o processo de hipnose, elas falavam de algo que fora desse processo não lembravam. Utilizou a técnica da hipnose por um tempo, mas depois a abandonou e criou uma nova técnica: a associação livre, que se torna a regra fundamental da Psicanálise. Essa técnica consiste em deixar o paciente falar, tudo o que lhe vem à cabeça, sem restrições. Supondo que existe algo que o sujeito não sabe sobre si mesmo, a isso Freud denomina inconsciente. Acreditava que apenas uma pequena parte da vida psíquica era consciente, que alguns conteúdos são pré-consciente, mas, que a maioria é inconsciente. O consciente contém informações que o sujeito sabe sobre si mesmo. O pré - consciente aquilo que não lembra na hora, mas que pode trazer para a consciência. E o inconsciente seria a parte mais arcaica do aparelho psíquico, aquela parte que não temos acesso. Sabemos que o inconsciente existe porque ele se manifesta, através dos sonhos, atos falhos e sintomas. Se o inconsciente se manifesta através dos sonhos, logo a psicanálise não é apenas para pessoas doentes, porque todos sonham. Freud foi muito criticado em sua época por acreditar que a vida sexual não começa na puberdade, mas sim na infância. Assim como a personalidade também é formada nos primeiros anos de vida. Ele foi ainda mais longe, afirmou que a origem da neurose estava na infância e a sua causa é sempre sexual. Se a raiz de toda neurose, pertence não ao momento atual, mas a primeira infância é por isso que o sujeito nada sabe sobre isso, porque ele esqueceu, ou melhor, reprimiu em seu inconsciente. Por isso temos poucas lembranças, ou quase nenhuma, dos primeiros anos de vida. É necessário analisar a infância para chegar à causa da neurose, assim como também é fundamental trazer para consciência todo o conteúdo que está reprimido no inconsciente, para que possa ser elaborado e assim obter a resolução do problema. A Psicanálise é um método de cura pelas palavras. O tratamento define-se por sessões de análise semanal. Parte da linguagem, da fala do sujeito, porque é somente através da linguagem que se pode chegar ao mundo simbólico. Cada sujeito é único, por isso que a análise se dá um a um. O tratamento Psicanalítico consiste em entrar nesse mundo simbólico do paciente, ouvir sua queixa, seu sintoma. Mas vai além, procura entender o que está por trás desse sofrimento, buscando sempre as respostas no próprio inconsciente do sujeito. Tem como finalidade trazer para a consciência todo o material que está reprimido no inconsciente, elaborá-lo, aliviar a dor, tirar o sintoma, chegar à verdade do sujeito e obter a resolução de sua neurose. O objetivo da Psicanálise é arrancar a neurose pela raiz, e não o de podar-lhe o topo. Mesmo depois da morte de Freud, a psicanálise continuou a ser estudada e discutida entre outros autores, e sendo também transformada e direcionada para os tempos atuais.

Daniela Bittencourt - Psicóloga Clínica.