Esse foi o tema do X Simpósio de Neurociência, da Unesc, que aconteceu nos dias 21 e 22/09/2012. Em relação ao título podemos nos perguntar de que século estamos falando? Porque no século XVII na idade Moderna a melancolia, termo anteriormente usado para depressão, era glamourizada e desejada por acreditarem que os gênios eram melancólicos, o mesmo aconteceu na época do romantismo. Foi somente no século XIX que surgiu o termo depressão e o mesmo foi classificado como doença.
Muito se discute
sobre a depressão por se tratar da terceira doença mais incapacitante em relação
aos anos de vida perdidos, produção para o trabalho e morte. Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2030 a depressão será a primeira maior
causa de incapacitação para o trabalho no mundo. No Brasil estima-se que 18,4% da
população sofre de depressão e segundo o Instituto Nacional de Seguro Social
(INSS), cerca de 48,8% dos trabalhadores que se afastam por mais de 15 dias do
trabalho sofrem com algum transtornos mental, sendo a depressão o principal
deles.
Logo estamos
falando de um problema de saúde pública e não apenas de consultórios de
psiquiatras e psicólogos, pois aproximadamente 17 milhões de brasileiros
tiveram ao menos um episódio de depressão durante a vida. Ela também lidera
entre as principais causas de suicídio no mundo, assim podemos constatar que a
depressão é o mal do século XXI.
A depressão é
caracterizada por: humor deprimido, tristeza, vazio, aumento ou diminuição do
sono e do apetite, fadiga, cansaço, baixa auto-estima e diminuição do interesse
por atividades antes consideradas prazerosa, queixas somáticas, isolamento social,
sentimentos de culpa, podendo ser acompanhado de ansiedade e pensamentos suicidas.
De uma forma
geral para a psiquiatra a origem da depressão estaria relacionada com questões
biológicas, genéticas e bioquímicas, como por exemplo, uma disfunção do
cérebro. Para a psicologia ela seria
causada pelo ambiente; as relações com a família e a sociedade e seria fruto
das dificuldades sofridas na vida. Muitos autores e psiquiatras vêem hoje a
depressão como uma doença epigenética, aonde tanto a genética quanto ao meio
social seriam responsáveis pela doença. Já para a psicanálise a depressão é resultado
de um conflito psíquico inconsciente. A psicanálise diz que não há participação
da realidade externa na formação do sintoma (doença), no caso a depressão, ela
seria resultado de conflitos internos entre Id, Ego e Superego e o meio externo
seria apenas o fator desencadeante, mas não a causa.
Freud da ênfase que
a depressão estaria relacionada á dinâmica do psiquismo. Em seu texto: “Luto e
Melancolia” de 1917, ele descreve a melancolia, (forma como era chamada a
depressão), como um conflito interno entre as entre três instâncias psíquicas
fundamentais: inconsciente, superego e consciência. A Psicanálise oferece uma visão bem diferente
do saber médico convencional, colocando a depressão em outros registros, ela
trabalha com um corpo que não é o biológico, mas sim o corpo pulsional, um
corpo afetado pelo seu inconsciente.
Sendo assim a
psicanálise também não visa em primeiro plano à eliminação do sintoma (doença),
uma vez que é através do sintoma que se chega ao inconsciente. A psicanálise
convida o sujeito a falar, uma vez que segundo Lacan o inconsciente é
estruturado como uma linguagem e é através da linguagem, do tagarelar que se
abre a possibilidade de um tratamento que toque no inconsciente e permita a
simbolização, para tratar não só a depressão, mas também o mal - estar que é
próprio da constituição do ser humano, no qual nenhum sujeito escapa.
Daniela
Bittencourt – Psicóloga CRP 12/07184
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