Angústia vem do latim que quer dizer estreitamento, apertamento. Chamamos
de angústia a forte sensação caracterizada pelo sufocamento, peito apertão, insegurança,
falta de humor, ressentimento e dor. Muitas
pessoas confundem angústia e ansiedade, apesar existir
diferenças entre elas.
Ansiedade é uma apreensão exagerada em relação ao futuro, uma pré –
ocupação, que antecede momentos de perigo real ou imaginário, acompanhado de
sensações corporais como batimentos cardíacos acelerado, dor no estomago,
tremores. A ansiedade é
até certo ponto normal e adaptativa, mas pode tornar-se prejudicial e patológica
quando aparece de forma constante e intensa. Geralmente as pessoas conseguem
falar porque estão ansiosas, conseguem verbalizar e nomear a ansiedade.
Já a angústia é um mal-estar relacionado com o presente. A angústia é sem causa aparente, aparece de
forma súbita, descrita como uma sensação de sufocamento, nó na garganta e
desespero aonde a maioria das pessoas não sabe identificar a razão desse
mal-estar, não sabem dizer e explicar porque sentem isso. Em geral, os
pacientes relatam uma agonia mental sem gatilho aparente, atrelada a um sufoco
semelhante ao da asma, e uma dor ou compressão no peito. Infelizmente, a
maioria dos angustiados só procura ajuda especializada quando a sensação ruim
beira o insuportável.
Angústia o afeto que não engana, nos diz Lacan, porque vivemos
tentando nos enganar dizendo que tudo está bem, por não queremos saber aquilo
que nos acontece, ignoramos, mas a angústia é um sinal que algo não vai bem. Desde seus primeiros trabalhos Freud vinha se preocupando com a
questão da angústia. “Como se origina a angústia? Tudo o que sei a respeito é o
seguinte: logo se tornou claro que a angústia de meus pacientes neuróticos tinha
muito a ver com a libido”
Sigmund Freud,
pai da Psicanálise, realizou estudos sobre o problema da angústia. Ele afirmou
que vivemos um profundo mal-estar provocado pelo avanço do capitalismo.
Contudo, a mais eminente colaboração da Psicanálise para essa temática pode ser
percebida na sua análise do aparelho psíquico: um conflito interno entre três
instâncias psíquicas fundamentais: inconsciente, superego e consciência.
Na visão
psicanalítica temos de um lado as poderosas forças do inconsciente que o
impelem à procura da satisfação do desejo. Do outro, os limites impostos pela
realidade externa e as normas culturais e morais internalizadas a partir do
superego. De um lado, o fechamento narcísico e a agressividade; do outro, a
necessidade de ser amado, que leva em direção ao outro e motiva as relações de
objeto. A esse conflito entre o inconsciente e o Superego, Freud denominou
angústia. Em última instância,
poderíamos dizer que a angústia está de alguma forma ligada ao conflito entre
pulsão de vida e pulsão de morte,
Devo ressaltar
que a angústia é até certo ponto um elemento próprio da constituição do sujeito
do Inconsciente. Isso basta para dizer que ela não é um obstáculo para análise,
muito pelo contrário, porque sem angústia, sem sofrimento uma análise não
acontece.
Daniela Bittencourt - Psicóloga CRP 12/07184
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