quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Psicanálise com Bebês



Tratamento para bebês isso é uma novidade para você? Mas ele existe sim, apesar de muitas pessoas não conhecerem, o que é diferente quando se fala de crianças porque esse tipo de intervenção já é bem conhecido. Mas talvez você esteja se perguntando, porque tratar bebês, que tipo de problemas eles tem?
O tratamento de bebês existe porque eles também fazem sintomas, mas como ainda não falam, o sintoma aparece no corpo. Sintomas esses que estou falando são: alterações no sono, na alimentação, na digestão, na respiração, na pele, alergias.
Alguns bebês podem apresentar distúrbios de expressão somática, ou seja, no corpo, precocemente em suas vidas, aonde muitas vezes o saber médico convencional parece não resolver, suscitando inquietação e desespero dos pais. Quanto aos sofrimentos dos recém-nascidos, poderia citar: distúrbios digestivos, choro ininterrupto, a hipersonia, os distúrbios cutâneos, distúrbios respiratórios, a hipotonia.
Antigamente o tempo da análise não era inicialmente o da infância, mas que a análise incidia sobre aquilo que havia de vestígios do infantil no adulto. Mas os psicanalistas implicados no tratamento de crianças sabem que os transtornos infantis e do adulto remontam aos primeiros tempos de vida do bebê, logo podemos pensar que se a origem o problema é num início de vida muito precoce, porque não atuar no momento que está acontecendo o problema? Porque esperar até a vida adulta?
Como para a psicanálise a criança é o pai do adulto, ou seja, é na infância que se determina a estrutura psíquica, a sexualidade e a neurose, porque não fazer uma intervenção na infância mesmo?  Já que o trabalho com adultos consiste em uma volta a esses primeiros anos de vida, através do método que Sigmund Freud criou chamado de associação livre.
A análise da neurose infantil, ou seja, da neurose que se instala no tempo mesmo da infância, e que não espera o tempo da vida adulta para se manifestar, só foi sistematizada mais tarde, por meio do trabalho dos psicanalistas de crianças. Em algumas pessoas a neurose e o sofrimento psíquico só vai se manifestar na vida adulta, mas hoje em dia os sintomas têm começado cada vez mais cedo, muitas vezes nos primeiros anos de vida e não mais na vida adulta.
Todo ser humano é um ser de desejo, seja qual for a sua idade. A criança tem direito á palavra, tem direito a ser escutada e mesmo quando ainda não fala, seu corpo fala das experiências passadas e presentes.
Sendo a psicanálise uma prática da palavra, então um bebê que não fala, não poderia submeter-se a uma sessão de análise, dito de outro modo, não pode ser posto no divã. Se a clínica psicanalítica é uma clínica de escuta, então o que podemos escutar em um bebê? Como ouvir o que ele tem a nos dizer a respeito das dificuldades que está enfrentando?
Desse ponto de vista, o trabalho de um analista não é apenas de escutar; mas sim de ler. O que se le na clínica psicanalítica, é o escrito do inconsciente na fala, no sonho, no texto escrito do sujeito adulto, mas também no desenho e no corpo do sujeito infantil. Logo na clínica com bebês é de leitura que se trata; leitura do sintoma, leitura do corpo, leitura daquilo que o bebê demonstra sem precisar falar.
O tratamento com bebês é uma possibilidade frente aos problemas e acontece com a presença da mãe junto, o que difere do tratamento com crianças que pode se realizar-se sem a presença dos pais. Mas é através da demanda dos pais, dos desejos dos pais, que um analista vai poder entrar em contato com o mundo simbólico do bebê e da criança e o tratamento visa á simbolização do sofrimento, ou dito de outra forma, seria colocar palavras aonde não há sentido.

Daniela Bittencourt – Psicóloga CRP 12/07184


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