quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Psicanálise X Psicologia

Muitas pessoas acreditam que psicanálise e psicologia são a mesma coisa, o que não é verdade, são práticas terapêuticas bem diferentes, apesar de terem um objetivo em comum: melhora de seus pacientes, alívio de sintoma e de sofrimento. Apesar de se estudar psicanálise na faculdade de psicologia, a psicanálise não pode ser considerada uma abordagem de psicologia, porque seus objetos de estudo são diferentes, a psicologia estuda a consciência e a psicanálise o inconsciente, logo são dois trabalhos bem distintos. Pela consciência entendemos aquilo que a sujeito sabe sobre si mesmo, mas que às vezes não se deu conta e o inconsciente seria aquilo que o sujeito não sabe sobre si mesmo e não sabe por que está reprimido no inconsciente.
O psicólogo possui formação superior em psicologia, aonde estuda os processos mentais, tais como: sentimentos, pensamentos e comportamento. Ele realizará psicodiagnóstico, e psicoterapia, voltado ao aqui e agora. Tem como objeto de estudo o homem seus sentimentos e comportamento, atuará a partir da consciência do paciente, vizando uma mudança de comportamento e a eliminação do sintoma/ problema. A psicologia trabalha tentando dar insight ao paciente e tem como objetivo melhorar a sua qualidade de vida.
Para ser psicanalista é necessário possuir um curso superior, qualquer curso de graduação, não é necessário ser psicólogo para ser psicanalista. Sigmund Freud, pai da Psicanálise, escreveu que para ser psicanalista era preciso um tripé: um curso de formação em psicanálise em uma instituição psicanalítica, supervisão dos casos clínicos, e análise pessoal, ou seja, é indispensável, que a pessoa que pretende ser psicanalista, faça análise da sua própria vida.
O objeto de estudo da psicanálise é o inconsciente, e ele se manifesta através da fala do paciente em um processo de análise, do sintoma, dos sonhos, das fantasias, mas é necessária uma escuta psicanalítica para ouvir o inconsciente do outro e a partir daí operar. A psicanálise também da muita importância à infância da pessoa, pois acredita que a personalidade e os sofrimentos psíquicos têm sua origem na infância, diferente da psicologia que trabalha o presente, o aqui e agora.
Enquanto a psicologia trabalha o problema em si, a queixa do paciente, no presente, um psicanalista irá trabalhar o que está por atrás daquela queixa, vai procurar quais as causas inconscientes que levaram o sujeito a esse sofrimento, vai se remeter ao passado, à infância, por isso a análise é um tratamento mais longo que a psicoterapia.
Para os psicanalistas o sujeito possui no sofrimento um gozo, gozo é um termo criado por Lacan, e diz respeito a um prazer inconsciente e ao mesmo tempo desprazer na consciência, ou seja: aonde o sujeito sofre, ele sente um prazer inconsciente, e por isso o repete, e muitas vezes não consegue sair da situação em que se encontra. Mas ao mesmo tempo em que seu inconsciente sente prazer, a pessoa sente dor, angústia, desprazer e culpa e por isso chega a um consultório com um sofrimento, do qual ele não está conseguindo dar conta sozinho, ou muitas vezes nem sabe ao certo porque sofre, ou porque não é feliz.
A formação de um psicanalista é muito mais demorada que a de um psicólogo. O tempo das sessões geralmente são iguais de cinqüenta minutos, uma vez por semana. É muito mais fácil encontrar um psicólogo do que um psicanalista, mas independente de ser psicólogo ou psicanalista é essencial procurar bons profissionais. Diferenças á parte, o mais importante é fazer um tratamento terapêutico, quando se tem indicação, seja ele psicoterapia ou análise, essa escolha fica a critério de cada pessoa, para que possa escolher qual gosta mais, ou qual mais se identifica.

Daniela Bittencourt - Psicóloga - CRP 12/07184

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Psicoterapia ao alcance de todos

Já não existem mais motivos, ou desculpas, para que uma pessoa deixe de procurar um tratamento psicológico, quando houver necessidade. Ter acesso a ele ficou muito mais fácil, não há mais porque dizer que não se tem condições financeiras para esse tratamento, porque se pode contar com esse trabalho de forma gratuita, como acontece nos postos de saúde e em ongs. A Ceres, Associação Criciumense de apoio à saúde metal, oferece tratamento psicólogo para pessoas que não tem condições de pagar por uma consulta particular. Os planos de saúde também oferecem esse tipo de tratamento e, além disso, existem diversos profissionais no mercado de trabalho.
Mas então me pergunto, porque será que muitas pessoas ainda não procuram esse tipo de tratamento? Será porque não precisam do mesmo, não o conhecem, ou será que infelizmente ainda existem muitas pessoas que acreditam que terapia é coisa para loucos, ou de gente desocupada? Ou será ainda que muitos carreguem consigo o preconceito de não aceitarem que precisam de tratamento, por acreditarem que conseguem resolver todos os seus problemas sozinhos?
O mito de que psicólogo é coisa de loucos, já caiu faz tempo, mas ainda há quem pense assim, assim como há os que pensam que terapia é uma futilidade e não uma necessidade. Quanto ao fato de não aceitarem que precisam de tratamento é algo bem difícil de lidar, porque se a pessoa não reconhece em si mesmo essa necessidade, como pode haver tratamento? O que é realmente uma pena porque muitas pessoas passam anos e anos na mesma situação por acreditarem que conseguem resolverem sozinhos e por não procurarem um tratamento adequado.
A terapia é um tratamento indicado para pessoas que por algum motivo, não importa qual for, sofram se angustiam e não conseguem lidar direito com isso, e como conseqüência esse sofrimento acaba afetando todas as áreas da vida da pessoa: profissional, pessoal, familiar, etc. O mais comum é procurar esse tipo de profissional quando existe um transtorno específico, como: depressão, ansiedade, síndrome do pânico, mas nem todos os sofrimentos são encaixados dentro de um transtorno e nesses casos também é indicado terapia.
A terapia é um caminho, para os que sofrem e querem resolver seus problemas, querem sair da situação em que se encontram e mudarem de vida. É um meio de se aprender a lidar melhor com os medos, anseios, frustrações e desejos Mas a humanidade ainda precisa conhecer se informar e livrar-se de seus preconceitos, para chegar a até ela.

Daniela Bittencourt – Psicóloga CRP 12/07184