terça-feira, 19 de março de 2013

Psicopatologia da Vida Cotidiana


       Sigmund Freud nos ensina que o ser humano sofre por psicopatologia da vida cotidiana, ou seja, por coisas do dia-a-dia, muitas vezes consideradas banais, nas suas mais variadas formas e por sofrimento entendemos aquilo que causa angustia dor, ansiedade e tristeza. Sendo assim a psicanálise não classifica o que é normal e o que é patológico, assim como não classifica o sofrimento humano dentro de uma categoria de transtornos mentais como no caso da psiquiatria, que, além disso, possui ainda várias classificações dentro daquilo que é patológico.
       A psicanálise não trata o transtorno, mas sim o sujeito que sofre, na sua singularidade, por isso que não oferece diagnóstico de transtorno nenhum, mas escuta o sofrimento do sujeito. Quando falamos em tratar o transtorno estamos falando no coletivo, como se todas as pessoas que “tem” o transtorno fossem iguais, sentissem as mesmas coisas e devessem ter o mesmo tipo de tratamento.
       Além de não classificar o sujeito dentro de um transtorno, ela vai no caminho oposto quando busca na singularidade do sujeito aquilo que lhe faz sofrer, não existe receita de bolo e a análise é um a um. O analista vai escutar o sujeito no seu incomodo, mas se não houver incomodo não há análise. Nem todas as pessoas precisam fazer análise, nem todas tem demanda de análise, uma vez que a análise só acontece quando o sujeito se incomoda com aquilo que lhe acontece, quando há angústia e sofrimento.
        Esse incomodo é denominado por Freud como sintoma, ou seja, aquilo que nos faz sofrer e ele pode ser qualquer coisa e muitas vezes parecem ser sem sentido, isto é, a pessoa não consegue entender porque aquilo lhe acontece. Mas sabemos que o sintoma tem um sentido que se relaciona com as experiências do sujeito. Tal como o sonho, o sintoma pode se apresentar como algo desconexo e absurdo, mas pleno de significações inconscientes.
        O sintoma com atos falhos, os chistes e os sonhos são formações do inconsciente, ou seja, um derivado do inconsciente, uma vez que ao inconsciente no seu estado bruto não temos acesso, mas sim apenas as suas formações. Quando se procura um analista o sujeito está em busca de um sentido para o seu sintoma e porque de certa forma a pessoa começou a se interrogar sobre o que lhe acontece.  E a análise vai possibilitar que o sujeito busque os sentidos e os não sentidos para aquilo que ele sofre que o sujeito busque um saber inconsciente sobre si mesmo. 
        O que era no primeiro momento sem sentido é produzido na análise um sentido próprio para o mal-estar daquele sujeito e não vale para todos. Uma vez que cada pessoa possui uma rede de significantes e não há no mundo duas pessoas iguais, isto é, com a mesma rede de significantes, por isso que a “cura” psicanalítica é única para cada sujeito.

Daniela Bittencourt - Psicóloga CRP 12/07184
    
   

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