Sigmund Freud nos ensina que o ser humano
sofre por psicopatologia da vida cotidiana, ou seja, por coisas do dia-a-dia,
muitas vezes consideradas banais, nas suas mais variadas formas e por
sofrimento entendemos aquilo que causa angustia dor, ansiedade e tristeza. Sendo assim a psicanálise não classifica o que é normal e o que é
patológico, assim como não classifica o sofrimento humano dentro de uma
categoria de transtornos mentais como no caso da psiquiatria, que, além disso,
possui ainda várias classificações dentro daquilo que é patológico.
A psicanálise não trata o
transtorno, mas sim o sujeito que sofre, na sua singularidade, por isso que não
oferece diagnóstico de transtorno nenhum, mas escuta o sofrimento do sujeito.
Quando falamos em tratar o transtorno estamos falando no coletivo, como se
todas as pessoas que “tem” o transtorno fossem iguais, sentissem as mesmas
coisas e devessem ter o mesmo tipo de tratamento.
Além de não classificar o sujeito dentro de um transtorno, ela vai no
caminho oposto quando busca na singularidade do sujeito aquilo que lhe faz
sofrer, não existe receita de bolo e a análise é um a um. O analista vai escutar o sujeito
no seu incomodo, mas se não houver incomodo não há análise. Nem todas as
pessoas precisam fazer análise, nem todas tem demanda de análise, uma vez que a
análise só acontece quando o sujeito se incomoda com aquilo que lhe acontece,
quando há angústia e sofrimento.
Esse
incomodo é denominado por Freud como sintoma, ou seja, aquilo que nos faz
sofrer e ele pode ser qualquer coisa e muitas vezes parecem ser sem sentido,
isto é, a pessoa não consegue entender porque aquilo lhe acontece. Mas sabemos
que o sintoma tem um sentido que se relaciona com as experiências do sujeito.
Tal como o sonho, o sintoma pode se apresentar como algo desconexo e absurdo,
mas pleno de significações inconscientes.
O sintoma com atos falhos, os
chistes e os sonhos são formações do inconsciente, ou seja, um derivado do
inconsciente, uma vez que ao inconsciente no seu estado bruto não temos acesso,
mas sim apenas as suas formações. Quando
se procura um analista o sujeito está em busca de um sentido para o seu sintoma
e porque de certa forma a pessoa começou a se interrogar sobre o que lhe
acontece. E a análise vai possibilitar
que o sujeito busque os sentidos e os não sentidos para aquilo que ele sofre
que o sujeito busque um saber inconsciente sobre si mesmo.
O que
era no primeiro momento sem sentido é produzido na análise um sentido próprio
para o mal-estar daquele sujeito e não vale para todos. Uma vez que cada pessoa
possui uma rede de significantes e não há no mundo duas pessoas iguais, isto é,
com a mesma rede de significantes, por isso que a “cura” psicanalítica é única
para cada sujeito.
Daniela Bittencourt - Psicóloga CRP 12/07184
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