sábado, 9 de março de 2013

Novas técnicas de tratamentos psíquicos?


         Há um tempo li uma reportagem que falava sobre as novas técnicas de tratamentos psíquicos e resolvi escrever um pouco sobre esse assunto. A ciência com o passar do tempo e através de muitas pesquisas desenvolvem novos tratamentos para tentar dar conta dos problemas psíquicos.
Uma delas que tanto se fala na atualidade é o tratamento com o objetivo de mudar a forma como o cérebro funciona a fim de mudar padrões de comportamento de forma mais rápida e fácil, isto é, mudar a mente através do treinamento direto do cérebro. O tratamento é feito através de ondas cerebrais para aperfeiçoar as capacidades intelectuais, cognitivas e até corrigir distúrbios psíquicos, a fim de alcançar o estado físico e emocional almejado.
Muitas dúvidas e questões se levantam em relação a essa nova forma de tratar aquilo que é psíquico. A começar para especificar que mente é essa que pode ser modificada através do treinamento do cérebro? Sabemos que um só tipo de tratamento não consegue dar conta de todo o universo de sofrimento do ser humano, das suas mais variadas formas, por isso várias teorias e técnicas são criadas e aperfeiçoadas para “curar” o homem daquilo que ele padece.
Mas será que um tratamento que muda a forma com que o cérebro funciona, pode livrar- nos da angústia, do mal-estar e da tristeza? Será que através de ondas cerebrais poderemos ser mais felizes? Pessoas melhores?  Até onde essas novas técnicas não estão a favor de um capitalismo selvagem, aonde o objetivo é produzir mais, trabalhar mais, a favor de uma vida sem falhas, sem dor, como se fosse simples e possível apagar todos os defeitos e aprimorar só as qualidades.
 Será que novos tratamentos no futuro serão possíveis apagar da mente tudo aquilo que faz sofrer, todas as lembranças dolorosas?  Como se toda e qualquer aflição, defeito, ou dificuldade deve-se ser banido, afinal vivemos numa sociedade aonde não há espaço para erros, angústias, nem se admite qualquer tipo de sofrimento.
Infelizmente hoje em dia as pessoas não querem se responsabilizar por suas próprias vidas, nem pelo que desejam, nem pelo que fazem.  Além de não se responsabilizar por aquilo que lhes acontece, desejam tudo na hora e sem fazer força, não tem paciência para conquistar aos poucos seus objetivos e não conseguem tolerar as frustrações, por isso também para seus problemas psíquicos esperam resultados rápidos, quase que imediatos.
Parece mais fácil não pensar sobre aquilo que sofre, não querer fazer nenhum esforço em prol de uma melhora daquilo que tanto se queixa, tomar um remédio é sempre mais simples e rápido, além de não exigir trabalho psíquico, para aquele que nada quer saber sobre si mesmo.
Quando pensamos o ser humano apenas a nível cerebral, estamos falando de um corpo biológico e tratando as doenças psíquicas como doenças orgânicas, iguais a uma gastrite, rinite alérgica, enxaqueca, onde o problema está no órgão que adoece nesse caso o cérebro e a pessoa nada tem haver com isso. Parece muito mais fácil responsabilizar os outros por aquilo que nos acontece, mesmo quando esse outro faça parte do nosso próprio corpo.
Além de um corpo biológico possuímos um corpo pulsional, um mundo interior repleto de fantasias, desejos, medos, prazeres e sofrimentos e de marcas feitas pelas lembranças e as experiências de vida, afinal é isso que nos constitui enquanto sujeitos.
E ainda hoje não inventaram nada melhor para abordar o mal estar do humano do que começar pelo bom e velho tratamento de “cura pelas palavras”, mas para isso vai ser preciso falar e falar, se comprometer com o que fala, se implicar naquilo que sofre, se empenhar para melhorar e almejar realmente uma mudança, além de desejar saber mais sobre seu próprio mundo interior, psíquico e desconhecido.

Daniela Bittencourt – Psicóloga CRP 12/07184




Um comentário:

Unknown disse...

Até onde a ciência pôde comprovar, a origem da tristeza, mal-estar e angústia estão no cérebro.
Essa "pessoa" que você cita, como algo a parte do cérebro, é apenas um conceito. Aliás criado pelo mesmo cérebro.
Podemos acreditar que existe uma pessoa independente do cérebro, mas enquanto isso não for provado devemos ser honestos e usar os meios comprovadamente eficazes para tratar os males da humanidade.