Por objeto podemos entender
qualquer coisa que ofereça ao sujeito uma satisfação e um prazer. Aonde existe
um excesso há também um prazer, por isso que às vezes é tão difícil de
deixá-lo. A quantidade de ofertas sedutoras de objetos que prometem tamponar o
furo, o vazio, e dar a ilusão de completude, de um gozo intenso e imediato é o
que mais existe na sociedade moderna. Mas será que existe um objeto capaz de
trazer a felicidade?
O capitalismo nos diz que sim e oferece vários
objetos para que deles se possa gozar. A pessoa passa a acreditar que quando
tiver tal coisa será feliz, quando fizer tal coisa será completa, o problema é
que o sujeito percebe que quando consegue o que tanto queria, não era bem
aquilo e passa a desejar outra coisa. Dessa forma temos como resultado uma
geração de pessoas insatisfeitas e infelizes, por condicionarem sua felicidade
a um objeto externo e por colocarem sua satisfação sempre no futuro, na ilusão
de que um dia nada lha faltará.
O ser humano não quer saber da sua própria dor, própria
falta, então sai literalmente se entupindo, de qualquer coisa que seja comida,
roupas, trabalho, bebidas, para não se deparar com o seu próprio vazio, com a
solidão e a angústia.
Mas será que é possível saber
quando algo deixa de ser normal e vira um excesso? É muito difícil falar de um
padrão de normalidade hoje em dia, mas o que se pode dizer é que algo se torna
prejudicial quando há uma compulsão (quando a pessoa não consegue parar sozinho)
e/ou quando provoca sofrimento. E o que causa esses excessos? Não existe uma
única causa, a origem tem haver com toda a história de vida da pessoa,
principalmente á infância.
Se a psicanálise é a que aborda os
“excessos” nessa cultura, também é a que aponta as saídas. Para Sigmund Freud não existe um método capaz de resolver
o problema de todos, da mesma forma, porque cada pessoa é única. É através da
própria fala do paciente, seu sofrimento, seu sintoma que se pode falar em
tratamento, em um processo de análise.
Daniela Bittencourt - Psicóloga CRP 12/07184