A Psicopatologia define a normalidade a partir de alguns critérios:
1) Normalidade como ausência de doenças, ou seja, a pessoa é normal quando não possui nenhuma doença. Porém esse critério é falho porque define a normalidade não por aquilo que ela é, mas sim pelo o que não é.
2)Normalidade Ideal: se estabelece um ideal do que é sadio e evoluído, o normal seriam as pessoas que estivessem dentro desse padrão.
3)Normalidade Estatística: é considerado normal aquilo que a maioria faz. Se a pessoa faz algo diferente da maioria então já não é mais considerada uma pessoa normal.
4)Normalidade como bem-estar: seria normal quem tem completo bem-estar físico, mental e social.
5)Normalidade Funcional: é considerado patológico quando provoca sofrimento para a própria pessoa ou para o meio social.
6) Normalidade como processo: cada fase de desenvolvimento possui características normais que à medida que muda a faixa etária muda-se também o que é considerado normal naquela idade.
7)Normalidade Subjetiva: quando a pessoa se vê bem e feliz então ela está dentro do padrão de normalidade.
8)Normalidade como liberdade: quando a pessoa é livre para ir e vir e responsável por seus atos, então ela é considerada uma pessoa normal.
9) Normalidade Operacional: define-se a priori o que é normal e o que é patológico.
Um critério apenas não consegue definir o que é a normalidade. A partir do momento que se estabelece o que é normal, tudo o que está fora, ou não se encaixa nesse padrão é considerado patológico.
Esse critério é injusto porque há de se perguntar: normal para quem? Normal para a sociedade? Para a própria pessoa? Para os pais? Será que é certo a sociedade estabelecer o que é normal, dentro dos padrões esperados e desejados de conduta do ser humano? E quanto aqueles que são diferentes? Por não se enquadrarem nos padrões podem ser considerados anormais?
Não se pode esquecer que o que é considerado normal numa cultura, pode ser considero anormal em outra. E até mesmo o que uma vez foi considerado anormal, hoje pode ser considerado normal, dentro de uma mesma cultura, como é o caso dos homossexuais. Cada geração tem padrões de normalidades diferentes, porque eles também mudam com o passar do tempo.
A cultura em si já estabelece os valores morais que são passados de pai para filho. Mas nem a cultura, nem os pais, pode impedir a pessoa de fazer o que ela quer, mesmo que seja considerado errado. Porque o que pode ser errado para a cultura e para os pais, muitas vezes não é errado para o próprio sujeito.
Para a Psicanálise não existe o normal e o patológico, isso não está dado a priori. Só é possível falar em normalidade enquanto falarmos de normalidade singular, isto é, o que é normal para cada pessoa, porque cada pessoa é única. Cada um define o certo e o que é errado para si próprio.
A Psicanálise não trabalha para tentar enquadrar a pessoa dentro dos padrões de normalidade. Isso iria contra o que existe de mais humano, que é a singularidade, porque não existem duas pessoas iguais no mundo. Querer que todas as pessoas pensem e se comportem iguais é desumano, é tirar delas o que cada um tem de único. Cada pessoa sabe da sua própria vida e o que dela faz, mas claro que também terá conseqüências de todos os seus atos. Isso não quer dizer que a pessoa vai sair por ai fazendo tudo o que tem vontade, sem levar em consideração os outros. As leis existem e são necessárias para barrar sujeito de suas vontades, caso contrário o mundo viveria em caos.
Quanto aos valores morais e religiosos fica á cargo das igrejas, dos pais e da sociedade. Os Psicanalistas vão se ocupar do desejo do sujeito, seu gozo, sua queixa e o seu sofrimento.
Daniela Bittencourt -Psicóloga Clínica.
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