Psicanálise
e Psicologia são práticas muito distintas, porém a maioria das pessoas, dentre
eles os estudantes de psicologia, os profissionais, os pacientes assim como a
comunidade em geral não sabem diferenciá-las. Hoje em dia ainda são poucos os
pacientes que procuram por psicanalistas e demandam um desejo de análise,
principalmente em cidades pequenas, aonde a psicanálise ainda não faz parte da
cultura.
É um erro
comum até mesmo de profissionais acharem que psicólogo e psicanalista tratam a
mesma coisa, só que de maneiras diferentes, que apesar de serem abordagens
distintas no final os resultados alcançados são parecidos, logo ficaria a
critério de cada pessoa escolher qual abordagem mais se identifica.
Outro
pensamento equivocado, mas que ainda se ouve falar é: se você quer tratar algo
mais pontual procure um psicólogo, mas se for algo mais profundo vá a um
psicanalista. Não acredito que essa frase seja correta, uma vez que esses
profissionais tratam de coisas totalmente diferentes. O psicólogo estuda o ser
humano de forma abrangente, pensamento e comportamento, já o objeto de estudo
do psicanalista não é o ser humano, mas sim o inconsciente.
Um
psicólogo realiza diagnóstico dos transtornos mentais segundo DSM IV e o CID 10
e trabalha através de psicoterapia para tratar o transtorno e para isso contam
com uma teoria o quanto mais sólida possível, com uma lógica consistente para
explicar o funcionamento do indivíduo e do seu transtorno. Já os psicanalistas
não trabalham pelo viés da lógica consistente, uma vez que o inconsciente não
apresenta lógica, ele é para – consistente.
Um
psicólogo durante as sessões de psicoterapia pode passar a seus pacientes o
maior número de informações possíveis sobre o seu transtorno, assim como desenvolver
com ele métodos para evitar recaídas. Um psicanalista nunca chega a oferecer a
seus pacientes as melhores opções as serem tomadas frente ao problema, bem como
não oferece informações sobre seu transtorno, já que um psicanalista não
trabalha o transtorno, mas sim a estrutura psíquica: neurose, psicose e
perversão, logo também não realizam psicodiagnóstico.
Outra
diferença é que se pode aprender psicologia através do estudo e desenvolver uma
psicologia coerente mesmo que nunca se tenha submetido à psicoterapia, desde
que, claro, tenho uma formação superior em psicologia. A formação do analista
se dá através de um tripé, que consiste em análise pessoal, supervisão e
estudo, pois a única maneira de “aprender” psicanálise é passando pelo método,
ou seja, a psicanálise se aprende no divã.
Não é
necessário ser psicólogo, para ser psicanalista, justamente por serem práticas
muito diferentes, mas a maioria dos psicanalistas são médicos ou psicólogos. A
formação em psicologia se dá através de universidade, já a de um psicanalista
por meio de instituições psicanalíticas.
No teatro
de Molière, há uma expressão que resume o trabalho do analista: um analista não
tem por que explicar para os pais da menina o porquê ela não fala. O único
valor possível de seu trabalho é o de fazê-la falar. Diferentemente
do psicólogo, o psicanalista não trabalha com explicação, compreensão e com a
lógica, pois o tratamento psicanalítico nunca se dá sobre aquilo que o
pacientes já sabe de si mesmo, mas sim sobre o que ele não sabe.
A
psicologia trabalha os transtornos visando à eliminação do sintoma e a melhora
na qualidade de vida do paciente. A psicanálise não foca seu trabalho no
sintoma, nem visa à eliminação dele, porque é através dele que se chega ao
inconsciente. Sendo assim definitivamente analistas e psicólogos não se ocupam
do tratamento dos mesmos problemas.
Daniela Bittencourt