Na medida em que a cultura vai mudando, mudam-se também os sintomas e sofrimentos psíquicos. Com o declínio dos ideais paternos, dos valores morais, vive-se numa época aonde se prioriza a liberdade, onde o certo e o errado se confundem, aonde vale tudo para ser feliz, faça o que tiver vontade é o que se prega. Em contraposição as gerações passadas, onde tudo era proibido, pecado e errado.
Numa sociedade em que é proibido proibir e aonde quase tudo é permitido, acaba levando o sujeito a uma busca de algo que nem ele sabe ao certo o que é. A busca de prazer, de coisas que proporcionam prazer.
Frente a essa modernidade a ciência responde com promessas de felicidades e de garantia de jovialidade, provocando no homem atual uma busca desenfreada aos objetos de consumo, oferecidos á pronta – entrega pelo mercado capitalista. Os objetos, que estão sempre fora do sujeito, com a “promessa” de satisfação total, eles enchem os olhos e fascinam o homem contemporâneo.
Cria-se a ilusão de que a felicidade está num objeto e que quando consegui-lo, conseguirá também a tal felicidade tão esperada. Porém não é isso que acontece. Quando o sujeito consegue o que tanto queria, percebe que não era bem aquilo e começa a desejar outra coisa e assim passa a vida inteira correndo atrás daquilo que lhe supostamente o fará feliz. O ser humano sempre quer mais, porque nunca está satisfeito e põe sua felicidade sempre no futuro, porque acredita que no futuro nada lhe faltará.
Já dizia Sigmund Freud, dentre os milhares objetos que existem, não existe um objeto que satisfaça totalmente o ser humano. Não existe o objeto absoluto, por objeto absoluto devemos entender aquele que tornaria possível a satisfação plena, por isso pode-se dizer que a angústia e a falta são sentimentos presentes no ser humano, que o constitui como um eterno insatisfeito.
Daniela Bittencourt - Psicóloga Clínica.
2 comentários:
Ótima matéria
E se a satisfação plena, vier com o entendimento de que não há satisfação plena?
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