quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O corpo



O corpo está em alta e é alvo de ideal de completude e perfeição na pós- modernidade. A valorização da magreza, da estética, cirurgias plásticas, saúde perfeita e tratamento antienvelhecimento nos indicam que o corpo é investido libidinalmente em nossa cultura, na medida em que ele se faz muito importante.
Vivemos numa era narcísica, onde o culto ao corpo é muito evidente. As dietas radicais, as cirurgias plásticas, o excesso de exercícios físicos e o uso indevido de remédios, vêm crescendo cada vez mais, na promessa de obter o corpo perfeito e a eterna juventude.
A beleza fica no ideal de ego e, portanto, inatingível. Busca-se a “perfeição” e por isso há sempre uma insatisfação crônica em relação ao corpo, levando em consideração que a “perfeição” não existe. O medo de não ser bonita é vivido como ameaça de morte psíquica, por isso a busca enlouquecida por produtos de beleza, dietas e intervenções cirúrgicas.
A pulsão escópica, descrita pelo psicanalista Jacques Lacan nos aponta ao prazer de olhar e ser olhado em nossa cultura, como mais uma forma de satisfação libidinal. O atrair olhares para si, para uma imagem visual a fim de contemplação do que é belo é uma forma de prazer. Corpos esculturais, como se fossem literalmente esculturas de grandes artistas que foram feitas para serem apreciadas. Apesar da aproximação não podemos esquecer que os corpos humanos não foram feitos apenas para serem admirados pela beleza física, como se fossem bonecas de porcelana, mas sim que ele desempenha outras funções e proporciona outros prazeres, indo um pouco além, devemos lembrar que a vida não se resume em um ideal estético ou ao prazer de atrair olhares e elogios.
Por outro lado vemos aumentando as formas corporais de sofrimento, em função dessas hipervalorização da aparência, patologias tais como: anorexia, bulimia, obesidade, compulsões e uma série de insatisfações corporais apontam que muitas mulheres não estão em paz com seu corpo.
Um corpo hiperinvetido e ao mesmo tempo apontado como fonte de frustração e sofrimento. Essa hiper valorização do corpo nos leva a dois caminhos o do excesso de cuidados e preocupações e intervenções no corpo e por outro lado nos deparamos com o excesso de peso, de angústia em relação ao corpo, e de frustração quando não se consegue atingir o ideal. As patologias no corpo são uma forma de sofrimento psíquico, novos sintomas, novas patologias em função de uma cultura onde o corpo está em alta.

 Daniela Bittencourt - Psicóloga CRP 12/07184.