segunda-feira, 13 de julho de 2009

Quanto custa a sessão?

Essa é a pergunta mais comum e a primeira que a maioria dos pacientes fazem quando ligam para um analista: Quanto custa a sessão? Logo isso me chamou muita atenção, porque as pessoas perguntam sobre o preço e não sobre o tratamento.
Pode-se pensar que essa pergunta é feita porque a pessoa precisa saber se pode pagar ou não e isso é totalmente compreensível, mas e quando se liga para perguntar só isso? Há uma demanda de pessoas que apenas ligam para saber o preço e assim o fazem com vários profissionais, até encontrar o mais barato. Até aonde é importante para essa pessoa o tratamento?
Será que o que mais importa é o preço da sessão quando se procura um analista? Será que esse é o critério? Escolhe-se pelo preço? O analista bom é o que cobra mais caro, porém o analista mais barato está cheio de pacientes porque há uma demanda de pessoas que escolhem o mais barato. Será que quando se liga para um psicanalista e pergunta apenas sobre o preço da sessão existe realmente um desejo de melhorar, de mudar?
Muitos analistas têm por hábito não dar o preço da sessão por telefone e convidar a pessoa a vir ao consultório para conversar. Para que assim a pessoa pelo menos venha ao consultório para poder falar o que lhe acontece, ou pelo que sofre, mesmo que não faça análise. Porque essa deveria ser a conduta de todas as pessoas que estão realmente interessadas em fazer um tratamento psíquico. Só que esse hábito muitas vezes exclui alguns pacientes que precisam saber primeiro o preço e depois escolhem se vão ou não.
Quando se escolhe um analista pelo preço, escolhe-se muito mal. Até porque o que produz uma análise é a transferência do paciente para com seu analista e isso não é determinado pelo preço as sessões. Transferência foi um termo criado por Freud para significar a relação terapêutica, uma relação que não está sustentada por sentimentos que se tem pelo analista, mas sim por desejos infantis e inconscientes do analisante que são dirigidos ao analista.
Será que o “preço” que a pessoa paga por carregar o seu sofrimento não é muito maior do que o preço da sessão? Sigmund Freud já dizia que a estupidez e a neurose são muito mais caro do que o tratamento. Há quem prefira passar a vida inteira com o seu sintoma, sofrimento do que gastar para melhorar, prefere - se gastar comprando mais e mais objetos de satisfação imediata e momentânea e quando a sessão do analista essa é muito cara.

Daniela Bittencourt – Psicóloga – CRP 12/07184.