terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Fazer ou não fazer análise?

Não é uma novidade que quando alguém procura um analista é porque está infeliz e quer ter uma vida melhor. Quando a pessoa está bem, não tem porque procurar um analista. É a própria pessoa que decidirá se quer ou não fazer um tratamento analítico. Fazer análise não é para todas as pessoas, porque sem sofrimento uma análise não acontece. Porém muitas pessoas sofrem e mesmo assim não procuram um analista, por quê?Porque são muito comuns as pessoas terem resistências ao tratamento e também porque é difícil admitir que precise dele. O ser humano em geral não quer saber o que acontece com a sua vida, não se questiona o porquê de suas atitudes, ele apenas vive. Não que isso seja errado, porém algumas pessoas sofrem com alguma coisa. Mas o que fazer se a pessoa precisa e não quer fazer análise? Não se faz, é necessário que a pessoa queira. Chegar num analista trazido pelos pais ou por outra pessoa não produz uma análise. Assim como procurar um psicanalista com o objetivo de se auto-conhecer também não produz uma demanda de análise verdadeira. Essencial para que uma análise aconteça é que a pessoa queira e que tenha um sofrimento, uma angústia, por qualquer motivo por mais banal que pareça. É necessário que exista algo na vida do sujeito que o esteja incomodando e ele não está conseguindo lidar com isso sozinho. Se a pessoa não sofre com o seu sintoma é muito difícil falar em tratamento. Só podemos falar em tratamento analítico se a pessoa desejar, esse é o primeiro passo. Caso a pessoa não queira mudar, o que um psicanalista vai poder fazer por ela?

Daniela Bittencourt - Psicóloga Clínica.

A criança é o pai do adulto.

A Psicanálise não é uma teoria de superação, a criança é o pai do adulto no sentido de que a infância determina a vida adulta. Isso porque existe o inconsciente, e ele é estruturado como linguagem, ele não está dentro, nem fora, mas na própria fala do sujeito. Todo ser humano é alienado porque ele se constrói a partir do desejo de uma outra pessoa. Porque é através da fala, da fala do outro, que o inconsciente se estrutura, geralmente da fala da mãe, porque a mãe é a primeira pessoa que o bebê tem contato. Quando o bebê nasce, ele não tem aparelho psíquico formado, precisa do outro para sobreviver e na medida que esse outro cuida, toca, olha e fala, vai deixando marcas nesse corpo, e essas marcas vão o conduzir na vida erótica quando adulto, vão definir o prazer e o desprazer desse sujeito. A Psicanálise dá tanta importância á infância porque ela determina tanto a estrutura do sujeito, quanto o sofrimento psíquico. Freud afirmou que aquilo que o sujeito sofre na vida adulta tem a sua origem na infância.

Daniela Bittencourt - Psicóloga Clínica

Uma Geração de Excessos

Excesso de comidas, de bebidas, de sexo, de drogas, de compras, de dietas, de exercícios, de magreza, de peso, enfim excessos. Falar de excesso é falar de falta, de angústia, de desejo e de prazer. Aonde existe um excesso há também um prazer, por isso muitas vezes é tão difícil de deixá-lo. Para a Psicanálise o homem é sujeito da falta, logo se algo falta cria-se um desejo. Para preenchê-la, o ser humano procura um objeto fora dele na tentativa de se fazer completo. Por objeto podemos entender qualquer coisa que ofereça ao sujeito uma satisfação e um prazer. A quantidade de ofertas sedutoras de objetos que prometem tamponar o furo, o vazio, darem à ilusão de completude e de um gozo intenso e imediato, é o que mais existe na sociedade moderna. Até aonde é normal os excessos? É muito difícil falar de um padrão de normalidade hoje em dia, mas o que se pode dizer que se torna prejudicial quando há uma compulsão e/ou quando causa sofrimento á pessoa.Mas o que causa esses excessos? Não existe uma única causa, a origem tem haver com toda a história de vida da pessoa, principalmente á infância. E qual o tratamento?Para a Psicanálise não existe um método capaz de resolver o problema de todos, da mesma forma, porque cada pessoa é única. É através da própria fala do paciente, seu sofrimento, seu sintoma que se pode falar em tratamento, em um processo de análise.

Daniela Bittencourt - Psicóloga Clínica